Saltos y Zamora
Maio 20, 2016
a primavera decidiu colaborar e deu de bandeja um dia impecável para passear. a primeira paragem do dia foi muito rápida, em ledesma, para apreciar mais contrastes.
sítio pacato este, no meio do nada. não subimos até à vila porque havia muitos kms pela frente. também é aqui que o tormes começa discretamente a ficar cada vez mais largo, sinal estamos perto da almendra.
a paisagem que se ia desenrolando à frente do nosso nariz era muito familiar, a fazer lembrar as margens do alqueva.
e por falar em paisagens familiares, eis que entrámos em território já conhecido, e sabia exactamente por onde tinha que seguir.
a estrada que sobe ao miradouro da iberdrola é assim a modos que imprópria para cardíacos.. em mau estado, inclinada, com curvas ultra-apertadas, e tão estreita que só passa um carro à vez. temos que ir atentos a duas coisas, se vêem carros na direcção oposta, e onde é que conseguimos parar o nosso em segurança para deixar outro passar. mas nem tudo é mau, pelo menos tem protecções laterais!
quando cheguei ao miradouro, e vi aquela brutalidade em toda a sua graça, só não desatei ao pontapé e chapada comigo própria por não ter ido ali porque.. bom.. estava ali :D
e por termos apanhado uma altura de chuvas, tinha as goelas bem abertas. o spray provocado pela força da descarga de água chegava até cá acima.
de todas as paisagens que vi do douro, nacional e internacional, esta foi a que mais me impressionou. uma majestosa ravina, tão imensa que não cabe nos olhos. faz-nos sentir minúsculos perante a dimensão da natureza.
à vinda, desafiamos um sinal de trânsito e entrámos numa estrada proibida. i regret nothing! se não, tinha perdido isto:
ainda passamos pela povoação que foi erguida para acomodar os trabalhadores durante a construção da barragem. está praticamente deserta e não se percebe porquê, aquilo dava uma estância de férias à maneira.
depois de uma breve paragem para pinchar numa tasca que estava a abarrotar, seguiu-se o outro assunto inacabado: passar pela barragem de almendra. não aconteceu na visita anterior por uma falha de comunicação. o homem não se apercebeu que eu queria passar pela barragem, e eu não reparei a tempo que se calhar não devia ter ido pela esquerda como o GPS estava a mandar, mas sim pela direita. quando dei por mim estava no fundo do leito do tormes e não me apetecia *nada* voltar para trás..
diz que este colosso é uma das maiores obras de engenharia espanholas. não só pela altura e comprimento da barragem em si, 202 e 567 metros respectivamente, como pela quantidade de água que retém no lago artificial. não é tão grande como o do alqueva, mas não deixa de impressionar.
mas a maior particularidade desta barragem hidroeléctrica não são as suas dimensões ou a elegância da sua construção, mas sim, estar descentralizada. existe um túnel com 7,5 metros de diâmetro escavado na rocha, que transporta a água desde o reservatório até à central, situada a cerca de 15km dali, nas profundezas do planalto.
na central de villarino, por baixo do parque de alta tensão, a água cai 400 metros a pique, gerando o dobro da energia que conseguia se a central estivesse junto à barragem. depois segue para o douro, logo ali ao lado.
e se isto não fosse engenhoso o suficiente, ainda tem a capacidade de quando não está a produzir energia, poder reverter o funcionamento das bombas e sugar água da barragem de aldeadávila, (aka, do rio douro) de volta para o reservatório.
a sério que pagava para ter uma visita guiada às entranhas desta central..
ao consultar o mapa para ver que caminho havíamos de tomar de volta à pátria, diz o homem:
"não acredito que estamos tão perto de zamora e não vamos lá..."
oh amigo, não seja por isso!
...e foi assim que ficamos também a conhecer zamora :D
tal como salamanca, zamora é uma cidade muito antiga, e partilha semelhanças geográficas e históricas. plana e banhada por um rio (o douro), e tem uma bonita ponte romana e uma vasta colecção de monumentos antigos preservados, que pode não ser tão impressionante como a de salamanca, mas é igualmente interessante.
no entanto é mais pequena, tem menos de metade dos habitantes, e menos turistas ainda. o que significa que é bastante mais calma e desafogada. e tem é uma exposição solar e uma luminosidade incríveis.
depois de visitar o castelo, demos um longo e agradável passeio junto ao rio, que se não estivesse tão agitado, seria um autêntico espelho.
de seguida subimos para o centro histórico e foi ali que notei as principais diferenças entre salamanca. as fachadas das casas e arquitectura dos edifícios públicos não é tão homogénea, existe muita mistura de estilos. e por alguma razão, o comercio parece estar em crise. muita loja fechada, ou em liquidação total para encerrar. tive pena deste detalhe.
oito e meia, era tempo de terminar a visita e regressar à estrada.
entrámos em portugal e fomos directos a gimonde, já a salivar só de pensar na posta do abel. e sabem que mais? pumba, nariz na porta!
oh well, amanhã também é dia.. a parte chata? ter reservado alojamento bastante longe dali, em mirandela. qualquer dia desisto de fazer planos e vou ao sabor do momento.. tínhamos pernoitado em brangança e no dia seguinte seria mais fácil tratar deste assunto.
outra parte muito chata de tentar jantar num sítio relativamente pequeno num domingo à noite (na véspera de um feriado), já não muito cedo: todos os restaurantes que tínhamos assinalados estavam fechados. não foi fixe.
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