A visita
Agosto 16, 2021
os nossos vizinhos chineses fizeram-nos uma visita inesperada… e foi uma experiência fascinante!
o…k… o que é que vizinhos irem a casa uns dos outros tem de fascinante mesmo? 🤨
contexto,
um casal chineses já com alguma idade decidiu vir viver para portugal, e compraram um apartamento no nosso prédio. ele já está reformado, ela (ainda) trabalha remotamente para uma empresa japonesa.
o meu homem é o english go-to-guy do porteiro. cada vez que é preciso safar um estrangeiro com alguma coisa relacionada com o prédio, é sempre convocado. (não sei se alguma vez disse isto aqui, mas) o homem é particularmente altruísta e está sempre pronto a ajudar naquilo que pode (e que não pode também).
na primeira interacção que teve com o tal casal, safou-lhes um stress com a companhia da electrecidade, e deu-lhes umas dicas para como navegar na burocracia (e espertice) das empresas tugas. e disponibilizou-se para ajudar naquilo que eles precisassem — long story short, criou-se ali uma relação engraçada. e volta e meia aparece-me em casa com chocolates e vinhaça.
outro facto relevante para este episódio é que não é habitual recebermos visitas cá em casa. se tivermos visitas 2 ou 3x por ano, é muito.
por fim, porque eu tenho andado feita troll das cavernas e não tiro o cú de casa, ainda não os tinha conhecido pessoalmente, apesar do homem andar sempre a dizer que eles andavam doidos para me conhecer. é verdade que já podia ter ido à casa deles montes de vezes, quando o homem lá vai, mas eu não sou essa pessoa lol
hoje foi o dia.
mas por acaso, não foi o melhor dia...
passo a descrever o cenário em que os recebi,
o homem tem estado de volta dum projecto DYI prometido à séculos, carinhosamente apelidado d’“a gaveta do lixo”, que vai servir para melhorar a organização do armário onde estão os baldes do lixo e reciclagem, assim como a minha vasta colecção de produtos de limpeza.
então, para além de caixas do ikea, umas por abrir e outras já abertas, sacalhões com o conteúdo do armário em questão, e ferramentas espalhadas por todo o lado, a casa tava… bom… uma pocilga!
a bancada da cozinha estava num estado caótico, o lava-loiças a transbordar de loiça suja, a mesa cheia de tralha, a sala toda desarrumada, roupa por cima do sofá, restos do pacote de uma encomenda que tinha acabado de chegar espalhados pelo chão, um monte de sapatos no tapete da entrada, e até os sacos do lixo da reciclagem… 😬
vinham em missão. entregar uma oferenda que tinham trazido do passeio matinal, e provavelmente conhecer-me muhahaha. bela primeira impressão 😆
“I’m SO SORRY for the mess” o homem anda a fazer obras e tal, desculpei-me, lívida de vergonha.
mas eles não pareciam minimamente incomodados com aquele caos.
mal entraram, sem perguntar, descalçaram-se e juntaram os sapatos deles à montanha de sapatos que já estava à porta. entraram-me pela casa adentro, descalços, e com uma naturalidade desconcertante, como se aquilo fosse habitual. normalmente as pessoas quando vêm cá a casa, parece que até têm medo de tocar nas paredes (se calhar até têm, porque se tocam o homem manda-lhes logo um mau-olhado) lol
VÁ LÁ que o chão não estava muito labrego!
andavam dum lado pro outro, sem se importar com a bagunça, curiosos com o que o homem estava a fazer, com os terraços dos apartamentos de baixo, com as gatas, com o estore (que está avariado no apartamento deles), com a "instalação" do AC portátil... basicamente, tudo o que lhes despertasse a curiosidade metiam o bedelho e faziam perguntas lol. e sempre numa animada algazarra entre inglês, chinês e japonês. ele fala pouco inglês, ela acaba por ter que traduzir muita coisa, mas aquilo que me deixou mais impressionada foi a fluência do japonês dela, parece nativa. cada vez que começava a falar, lá ia eu apanhar o queixo do chão.
são adoráveis, os nossos vizinhos chineses 😍
...mas espero que o timing da próxima visita seja melhor 😆