Lugares mágicos
Maio 09, 2019
andava de olho posto na's casas caiadas há uns tempos valentes, mas tava difícil de conciliar as datas. porque a minha altura favorita para ir laurear pelo interior alentejano é ali aquela nesga da primavera, quando a paisagem verde está sarapintada pelas cores das flores silvestres, e as temperaturas estão amenas, e eu só me lembro destas coisas em cima da hora... mas deste ano não ia passar!
aproveitamos um dos feriados, planeamos uma ponte, e reservamos a estadia (com dois meses de antecedência!!).
sem grandes pressas, fomos pelo caminho mais demorado - e mais cénico, para aproveitar bem o passeio. levamos hora e meia a chegar lá, a distância de lisboa é perfeita, nem muito perto, nem muito longe. num daqueles momentos que só podem ser obra da conspiração cósmica, enganei-me a fazer o desvio final, e dei de caras com este cenário fabuloso,
de volta ao caminho certo, que serpenteava por entre um montado e que atravessava a ribeira da foto de cima, o nosso destino revelou-se. fomos muito bem recebidos pelo proprietário, que nos apresentou à nossa casa durante os próximos dois dias, à casa social, onde se fazem as refeições, e já agora, pedimos se era possível ver a casa grande, assim ficávamos a conhecer tudo. as casas são casamento perfeito entre o contemporâneo confortável e seguro, e o rural genuíno e simples de outros tempos.
ia com expectativas altas, mas uma coisa é ver fotografias, outra é estar in loco. se o charme rústico e delicado das casas era tudo aquilo que estava à espera de encontrar, num todo, era impossível de imaginar o quanto sublime aquele pedaço de paraíso é. a primavera definitivamente enriquece o cenário, não só com os verdes da vegetação, que contrastam tão bem com o branco imaculado das casas, mas o bulício da passarada e dos insectos, e das rãs na ribeira ali ao lado, tornava o ambiente simplesmente mágico. não se ouvia nenhum outro som. só queria que o tempo parasse naquele momento. durante uns quantos dias.
a primeira coisa que fiz foi atirar-me à piscina. tinha-lhe uma paixão imensa desde a primeira vez que a vi. as margens e o fundo branco em declive, dão à agua um gradiente de azul fantástico, a rivalizar com o do céu.
no primeiro dia tivemos aquele lugar idílico todo por nossa conta, e aproveitamos ao máximo aquela tranquilidade indescritível. no segundo, já com companhia, não foi muito diferente. arrastávamo-nos por entre as espreguiçadeiras, ora à sombra de uma oliveira, ora perto da piscina, e sempre com aquela banda sonora incrível em pano de fundo. definitivamente mágico.
não estávamos muito longe da civilização, mas ali, resguardados pelos sobreiros e pelas oliveiras, conseguia sentir-me completamente isolada do resto do mundo. mesmo o que andava a precisar, mas dois dias disto não chegam.
sem a lua a iluminar a noite, a escuridão revelava um céu incrivelmente estrelado. não tivesse frio, era capaz de ter ficado horas a admira-lo, deitada numa espreguiçadeira.
e nem por isso a bicharada sossegava. adormecer com o cantar dos rouxinóis, misturado com cricrilar incessante dos grilos, foi uma experiência completamente nova. queria ficar acordada a deliciar-me com a melodia, mas aquilo embalava-me de tal forma, que adormecia em menos de nada.
estamos rodeados pela natureza, e nota-se o esforço para que tudo ali permaneça no estado mais puro possível. há pássaros, há abelhas e outros insectos voadores e rastejantes, há aranhas, há largartitos e cobras, há sapos e rãs, há coelhos e provavelmente muitos outros animais selvagens mais tímidos. mas não pareciam muito incomodados em partilhar o espaço connosco.
vou andar a sonhar o resto do ano com um regresso na próxima primavera 😍
álbum completo no sitio do costume