Quem é vivo sempre aparece
Abril 13, 2016
durante o curso, fomos clientes assíduos de um tasco algures na rua de são paulo, no cais do sodré. aulas terminadas, a nossa vida mudou-se para outros lugares e nunca mais calhou lá voltar.
eis que passados doze anos, a nossa vida muda novamente de lugares, e uma destas manhãs decidimos ir ao tal tasco tomar o pequeno-almoço, como fizemos tantas vezes no passado.
a caminho o homem questiona-se
"achas que ainda se lembram de nós?"
eu nem punha essa hipótese em cima da mesa
"epá, duvido muito.. tanta gente que por lá passou nestes anos todos.. se ainda forem as mesmas pessoas, pode até ter mudado de dono.."
entrámos e estava tudo tal e qual recordávamos. aquele sentimento de regresso às origens a fazer cócegas. é muito provável que tenha transparecido na nossa expressão, ninguém entra num tasco normalíssimo com ar fascinado. fizemos o pedido e fomos para a mesa do costume.
eu não tinha grande memória das caras, mas o homem é incapaz de se esquecer delas e confirmou. quando o empregado regressou à base depois de nos ter servido, ouço-os comentar baixinho lá ao fundo "acho que estou a reconhecer aquele casal". não consegui evitar um sorriso.
quando fomos pagar, ficou tudo em pratos limpos. eram de facto, as mesmas pessoas, apesar de um deles ter estado ausente durante uns anos e ter voltado recentemente. e lembravam-se de nós. tão bom ♥