Os objectos são um peso
Abril 15, 2019
ia responder ao post da desarrumada, mas o comentário tava a ficar tão grande que acabou por dar em post (e aproveito para pedir perdão por ter-lhe fanado o titulo do post assim à descarada) 😅
não suporto ter o meu ambiente atafulhado de tralha, nem consigo viver no meio da confusão. mas quando há quase seis anos mudámos de casa, aprendemos que até mesmo as pessoas avessas a tralha, acumulam demasiada. vai daí, arranjei uma série de regras e truques que têm conseguido manter esse tema sob controlo. começando pela...
regra geral
new in, old out - esta regra foi roubada inspirada numa iniciativa do geocaching, chamada cache in trash out, que tem o objectivo de meter os geocachers a recolher lixo nas redondezas das caches. com um ligeiro tweak, descobrimos que também faz muito sentido no contexto doméstico. assim sendo, quando compramos algo novo, o velho tem que marchar para reciclagem ou se ainda tiver em boas condições, doado ou vendido.
roupa (nossa e da casa), calçado, acessórios, móveis, tralha da cozinha, tralha de limpeza, gadgets, material de campismo, mochilas, ferramentas, etc. fazer substituições é uma forma bastante eficiente de não acumular tralha.
alimentos
como a "despensa" não é muito grande (é apenas um armário estreito, ao lado do frigorífico), não podemos comprar em grandes quantidades. é da forma como não deixamos as coisas passar do prazo de validade (embora por vezes aconteça, em especiarias e coisas que utilizamos com menos frequência). faço vistorias com alguma frequência a este armário, para mandar coisas fora e aprender que da próxima vez que me lembrar a trazer aquele ingrediente marado, pensar que é mais um que vai parar ao lixo..
roupa
para além da regra geral, faço duas revisões por ano, no inicio da época quente e da fria. o nosso roupeiro não é muito grande (cada um tem que se amanhar com um roupeiro de 1 metro de comprimento ), e estamos proibidos de ultrapassar a capacidade dele. tenho um saco de vácuo onde guardo a roupa que não está em uso, mas que não me consigo desfazer ainda, que guardo dentro do sommier. de vez em quando, lá vai uma pecinha à vida.
roupa gasta ou esburacada em fim de vida, vai para reciclagem. por muito confortável que possa ser para andar por casa, uso um truque baixo: imagino que a qualquer momento (algum incêndio ou terramoto) posso ter que sair de casa com a roupa que tenho no corpo.. e de repente, aquela t-shirt que parece toda carcomida pelas traças deixa de parecer tão apelativa 😆
produtos de higiene pessoal e limpeza da casa
já me deixei de torrar guito experiências, e se não gosto de alguma coisa que arrisquei comprar, vai logo pró lixo, para me ensinar uma lição e me fazer pensar três vezes na próxima vez. neste departamento também não acumulo (a não ser que tenha apanhado alguma promoção pague 1 leve 2), e só compro quando tenho o produto a terminar.
livros
deixei de comprar livros físicos, tá tudo enfiado no kindle. revistas são um desperdício de dinheiro, deixei-me disso. e nem vale a pena falar em CDs e DVDs, que há muito que deixamos de usar formatos físicos.
papeladas
faço limpezas frequentes à caixa dos papéis, só guardo aquilo que seja mesmo importante. tudo o que tiver uma versão digital, vai directo prá reciclagem/lixo. o armário onde guardo a papelada é também poiso para uma série de pequenas tralhas, como ferramentas e material para reparações, material de escrita, material desportivo, sacos, chaves, cartões, etc, e é o local mais caótico da casa, mesmo levando raids com bastante frequência.
objectos de decoração
o que nos faz muitas vezes gastar dinheiro em objectos decorativos é termos espaços vazios na casa e na mobília. e foi por isso que quando nos mudamos, decidimos não arranjar mais sítios onde enfiar tralha para além do equipamento que a casa já tinha (roupeiros e cómoda embutidos, e móvel do wc), do móvel da tv (que tem 2 gavetas e 2 portas), do sommier com arrumação, e das mesas de cabeceira. isto funciona muito bem comigo, porque se não tenho espaço para arrumar, desisto de comprar.
tenho duas plantas (a orquídea de estimação e um par de cactos que vive numa caneca) e uma garrafa com búzios que apanhamos numa praia. de resto, todos os objectos "decorativos" que tenho pela casa têm utilidade (candeeiros, tapetes, almofadas, mantas, cestos, e difusores de aromas). os collectibles nerds vivem fechados numa secção do móvel da tv. a colecção não tem aumentado muito porque não há espaço.
quando viajo, nunca compro souvenirs, as fotos que tirei servem o propósito da recordação. quanto muito, trago coisas que posso consumir. nas comemorações e celebrações, não dou prendas para não receber.
e é assim que os meus 60m2 se têm aguentado livres de tralha ao fim de tantos anos. quem vê de fora é capaz de achar a casa um bocado descaracterizada, como se não vivesse cá ninguém a tempo inteiro, mas é este o meu tipo de ambiente preferido. e mesmo assim, às vezes acho que tenho coisas a mais 🤔 há sempre aquela compra cretina por impulso..
não tenho apego à maioria das coisas que tenho. o apego que possa ter costuma ser a coisas práticas, tipo roupa ou sapatos, ou coisas que geralmente podem andar comigo. mas sim, só tenho coisas úteis ou que me despertem sentimentos positivos 😊 e não tenho problemas nenhuns em desfazer-me de tralha!