Ghost In The Shell
Abril 02, 2017
não me vou esticar muito, nem fazer uma analise muito profunda ao filme, mas é capaz de haver um spoiler ou outro, so be aware!
estava praticamente às escuras, não vi trailers, não li teorias, e ignorei as polémicas. não ia com expectativas nenhumas, e ao contrário do que temia..
..gostei!
ainda não tive tempo de atacar as reacções que o filme está a ter nas hordas de fãs mais agarrados, mas do pouco que me passou pelos olhos, já deu para perceber que divide opiniões. esta é a minha.
a história é uma autêntica manta de retalhos, do manga, dos filmes (original e a sequela), da série, e provavelmente dos jogos também. recriaram muitas das cenas mais icónicas do filme original, mas sem a mesma ordem de acontecimentos ou contexto. e tem muitas hints de outras obras, como appleseed, star wars e o matrix, e quero muito acreditar que aquela referência ao fígado resistente de álcool (entre outras) veio directamente do neuromancer - que é só a base de muitos dos filmes de cyberpunk (incluíndo o próprio ghost in the shell) que apareceram na década de 90 e que incompreensivelmente, ainda não foi transformado em filme.
não se foca no mesmo tema (inteligência artificial), nem é tão profundo (apenas roça as questões filosóficas que são levantadas pela definição do ser humano num mundo tecnológico) como o material original, mas para agradar ao máximo número de pessoas, suponho que tenham jogado pelo seguro e contar uma história de vingança (quase) básica.
mas apesar de tudo, acho que o trabalho de casa foi bem feito, e conseguiram um resultado muito bom. o ambiente é diferente daquele que esperava (imaginei que recriassem a cidade de uma forma mais sombria e decadente, não tão "blade runner", mas perto), mas o filme está visualmente impecável, sem falhas. é daqueles que merece ser visto em 3d/imax, para não se perder a sensação de profundidade que muitas cenas têm. suspeito que no meio daqueles hologramas todos que pairavam sobre a cidade devem existir centenas de easter eggs e memes. apanhei alguns, como o doge, mas era demasiada informação para processar. tenho que vê-lo mais vezes :D
gostei muito da participação do takeshi kitano, de longe o melhor cast do filme, deu um excelente aramaki, e de se darem ao trabalho de mostrar como o batou recebeu as modificações cibernéticas, especialmente os olhos, que são o seu trademark. a major da scarlett, apesar de visualmente deslumbrante, saiu algo frágil e emocional e não me conseguiu convencer totalmente.
a banda sonora não é tão épica como a do kenji kawai, mas era muuuuito difícil superá-la. faz uma curta aparição nos créditos finais, que sabe a pouco mas é melhor que nada. contudo, espalhados pelos 107 minutos de filme, existem muitos detalhes sonoros que soam bastante familiares.
o final não é lá muito "japonês", e acho que deve ser a parte mais "tremida" deste filme, mas termina onde começa o original de 1995, e eu respirei de alivio por hollywood não ter arruinado outra das minhas obras-primas favoritas, como fizeram com o total recall e com o robocop. puf!