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lost in wonderland

lost in wonderland

Pré-operatório

Maio 31, 2019

a semana foi calminha, mas chega sexta e foi a puta da loucura. começou com a minha reunião multidisciplinar1, que eu tinha dado o dedo mindinho do pé para estar presente, mas infelizmente não é possível.

logo de seguida, na consulta de senologia, para além de se tratar papelada para o seguro aprovar a cirurgia, marcada para a sexta seguinte, fiquei a saber duas coisas:

a primeira foi que a ressonância magnética não serviu de nada, a altura do exame não foi a melhor, e ambas as mamas apareciam iluminadas como dois faróis em noite de nevoeiro. e por isso tinha que fazer uma tomossíntese (aka, mamografia 3D. yay, outra mamografia.. FML!!) ASAP.

a segunda é que dado ao local e à densidade do "material", a médica não me queria deixar com uma depressão na mama (literalmente lol), então vai de meter um cirurgião plástico ao barulho. OPÁ, tudo a que tenho direito!!

saí de lá directa para a consulta de cirurgia plástica, onde fiquei a saber como iria ser a abordagem para extrair a lesão, e o que ia ser feito para remendar a situação. apertei o pneu de estimação e disse ao médico que estava à vontade para utilizar banha dali, mas ele riu-se de mim e do meu pneu, humpf.. tantas, mas tantas piadas sobre as minhas mamas nesta e na outra consulta, jazus.. mental note: tenho que parar de trazer o homem para estas coisas.

mas devo dizer que fiquei impressionada com este detalhe, uma cena miserável na mama, mas tinha ali um cirurgião plástico a certificar-se se ficava tudo no devido lugar. também fiquei a saber que afinal a cirurgia já não ia ser na sexta, mas sim, na quarta…...

EEEEEK! SHIT JUST GOT REAL!!

dali fui ao gabinete da s. para marcar a tomossíntese, e depois fui fazer mais análises, que tinha ali uma prescrição a ganhar bolor do ano passado, para uma consulta que tinha marcada mais prá frente, mas que consegui antecipar. basicamente, um dia inteiro passado no hospital.

estava absolutamente proibida de adoecer, sob o risco de ter que adiar a cirurgia. com o stress das últimas semanas, tava com medo que o sistema imunitário estivesse nas couves, então meti-me dentro duma bolha.

funny thing, sempre julguei que a minha primeira cirurgia fosse ao apendicite ou coisa assim. não vale mesmo perder tempo a pensar nestas coisas, que a vida arranja sempre forma de nos surpreender.


 

reunião multidisciplinar é uma reunião que concentra os profissionais de todas as especialidades envolvidas em determinada doença, para avaliar e discutir em conjunto cada caso clínico, e decidir qual a abordagem mais adequada a seguir, em termos de tratamento e terapêutica. aprofundar o tema aqui (inglês)

Constatações #18

Maio 29, 2019

[ vou já avançando com um pedido de desculpas às pessoas mais sensíveis, que este post pode ter um efeito um bocado depressivo. mas isto tá-me atravessado há uns dias, e ando muito necessitada de ventilar ]

tão a ver aquela expressão, geralmente acompanhada de um risinho nervoso, numa de desvalorizar o peso do número, que "os 40 são os novos 30"?

nada como estar em duas festas de aniversário em simultâneo, uma dos 30 e outra dos 40, para ver o tamanho da mentirona que está imbuída nessa expressão, e sentir o peso esmagador da idade, e o choque das gerações.

estar no meio daqueles putos todos, com a jovialidade à flor da pele, a luminosidade e a textura polida da tez, sem rugas nem olheiras das preocupações e das chatices que a década mais adulta das nossas vidas estendeu à nossa passagem, sem flacidez a denunciar a derrota contra a gravidade, cheios de energia, a saltar e a berrar a noite toda, porque sabem que amanhã não vão acordar com o corpo a ganir, nem levam três dias a curar a ressaca.. não é nada fácil.

a quem é que estamos a tentar enganar? os 40 não são os novos 30.. os 40 são os 40, MESMO!

...e 10 anos não são nada. 10 anos passam a voar!

ah e tal, não trocava a minha experiência de vida por uma aspecto mais jovem. será que não mesmo? experiência de vida é muito fixe... mas vem com um preço muito alto...

só por causa das coisas, decidi nunca mais na vida usar essa expressão. amuei.

Como é que se encara uma história destas?

Maio 28, 2019

são tantos os factores envolvidos, que duvido muito que existam duas pessoas no universo a levar isto da mesma forma. depende da natureza da doença e do prognóstico, da nossa personalidade e mentalidade, da saúde do nosso estado mental, da fase em que estamos na nossa vida, das nossas responsabilidades, dos nossos recursos, da rede do apoio, entre família, amigos e colegas, entre tantos outros (muitos provavelmente nem me passam pela cabeça). a jornada será diferente para cada um de nós, assim como a forma que escolhemos percorre-la.

pessoalmente, notei que houve um período de “habituação” à ideia. precisei de uma semana para colar os cacos todos e meter as ideias em ordem, até sentir que estava de volta ao caminho. a partir daí, encarei este "contratempo" como todos os outros na minha vida, com muita descontracção e estupidez natural. e curiosidade.. OMG, tanta curiosidade!

uma coisa é certa, assim que recebemos aquele diagnóstico, a nossa vida nunca mais será a mesma. a cabeça flip'a, e há muita coisa que vai mudar lá dentro. começamos a ver a vida por outra perspectiva, as nossas prioridades mudam repentinamente, deixamos de dar valor a umas coisas e passamos a dar a outras, ganhamos calma para umas coisas, e urgência para outras. acho esta reacção espontânea à doença imensamente interessante.

mas temos que falar sobre a ansiedade...

nos últimos anos, fui aconselhada várias vezes a fazer medicação para controlar a ansiedade, mas sempre achei que dava conta do assunto sozinha, e nunca levantava as prescrições de químicos manhosos. tenho-a colada a mim desde que me conheço, e a bem ou a mal consigo ir gerindo as crises.

só que desta vez, deixei a cadela tomar conta de mim de tal forma, que me assustou a sério. o estrago que fez em apenas 2 semanas.. não conseguia dormir por causa das insónias, se fechasse os olhos durante duas horas por noite, era milagre; não conseguia meter nada no estômago, perdi 4kg assim de rajada; andava toda baralhada das ideias; praticamente não conseguia funcionar. pela amostra, achei que não ia conseguir sobreviver àquela provação sem uma ajudinha química. safoda.

na manhã seguinte ao diagnóstico, às 8 da manhã, estava sentada em frente ao psiquiatra, disposta a alinhar em tudo o que tivesse que ser.

acreditem quando digo que foi a melhor coisa que fiz por mim neste processo todo - aliás, foi a melhor coisa que fiz por mim nos últimos anos. se soubesse o que sei hoje, já tinha mandado a ansiedade c'os porcos há muito mais tempo. hoje (e já na fase de descontinuação), sinto-me muito melhor do que estava, antes daquela salgalhada toda sequer começar. praticamente um ano a viver sem ansiedade nem ataques de pânico, algo que eu não sabia o que era. e sabem que mais? é MUITO fixe!

cada caso será um caso. sempre ouvi dizer coisas horrendas sobre este tipo de medicação, e tinha-lhe um medo de morte. mas vai-se a ver, e não tive problemas nenhuns com ela. os poucos efeitos secundários que tive, não eram nada de especial - e um deles é bem fixe, os sonhos. sonhar tornou-se numa experiência cinematográfica brutal. se conseguisse gravar as merdas que sonho, era com cada blockbuster que a esta hora estava a nadar numa piscina de notas. bottom line, estou-lhe imensamente grata pela ajuda que me tem estado a dar.

(btw, não digam coisas lamechas aos médicos, que eles anotam tudo na nossa ficha e outros lêem, e vamos apanhado umas vergonhas aqui e acolá muhahahah)

Pág. 1/6

'Le me

tem idade suficiente para ter juízo, embora nem sempre pareça. algarvia desertora, plantou-se algures na capital, e vive há uma eternidade com um gajo que conheceu pelo mIRC.

no início da vida adulta foi possuída pelo espírito da internet e entregou-lhe o corpo a alma de mão beijada. é geek até à raiz do último cabelo e orgulha-se disso.

offline gosta muito de passear por aí, tirar fotografias, ver séries e filmes, e (sempre que a preguiça não a impede) gosta praticar exercício físico.

mantém uma pequena bucket list de coisas que gostava de fazer nos entretantos.

'Le liwl

era uma vez um blog cor-de-rosa que nasceu na manhã de 16 de janeiro, no longínquo ano de 2003, numa altura em que os blogs eram apenas registos pessoais, sem pretensões de coisa alguma. e assim se tem mantido.

muitas são as fases pelas quais tem passado, ao sabor dos humores da sua autora. para os mais curiosos, aqui ficam screenshots das versões anteriores:
#12   #11   #10   #9   #8   #6   #5   #4

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email: hello@liwl.net

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