Campismo // ser campista
Junho 06, 2017
o verão e a época de férias estão aí a rebentar, mas acho que ainda vou a tempo de publicar uma série de posts sobre a fina arte de acampar (ou como sobreviver no campismo), que espero serem de utilidade para quem pensa iniciar-se na actividade.
fica já o disclaimer, estou a basear-me nas nossas experiências enquanto campistas sazonais. existem vertentes mais técnicas da actividade, que não vou falar porque não tenho conhecimentos aprofundados nem testados.
então, acampar não é apenas um modo de fazer férias económicas (até porque se gasta algum dinheiro no equipamento). acima de tudo, acampar é um modo de vida.
aprendemos a viver com o mínimo essencial, a lidar com imprevistos, e a improvisar. aprendemos sobretudo, o valor inestimável do contacto com a natureza. e vamos descobrir que adormecer ao som da melodia dos grilos (ou do mar, ou da brisa a entrelaçar-se na copa das árvores), pode ser das melhores canções de embalar que podemos ouvir na vida.
mas antes de mais, devemos tentar perceber se vamos conseguir viver em estado semi-selvagem durante alguns dias:
o conforto fica em casa. não há sofás nem camas fofinhas, nem outros "luxos" que damos por garantidos. e podemos ter que lavar roupa à mão, ou preparar comida em condições muito desafiantes.
vamos estar à mercê dos elementos. pode fazer frio e humidade, e pode chover e fica tudo molhado à volta da tenda. e às vezes, até o vento consegue ser assustador.
vamos estar limitados a nível de tecnologia. não há TV's, nem consolas de jogos, e nem sempre é boa ideia andar com portáteis atrás. felizmente já é possível transportar entretenimento, em tablets e smartphones. só que no campismo, algo tão básico como alimentar equipamentos eléctricos pode ser um berbicacho.
na natureza existem insectos. muitos. formigas, mosquitos, moscas, aranhas, carochas, etc etc.. e não há muito que se possa fazer quanto a isso. eles vão aparecer por todos os lados, e vão trazer amigos.
não existe muita privacidade. temos que partilhar as instalações sanitárias com desconhecidos, e há quem não tenha pudores absolutamente nenhuns.
há ruídos de todos os tipos. alguns conseguimos contornar com tampões para os ouvidos, outros (tipo os fisiológicos) é mais complicado conseguir evitá-los.
mas se conseguirmos ultrapassar estes constrangimentos, torna-se numa experiência muito libertadora, e descontraída.
posto isto, existem dois tipo de campistas:
os que levam a casa às costas, e os que mal enchem uma mochila!
é definitivamente algo que devemos tentar perceber antes de entrarmos na decathlon ou na sportzone, com intenções de largar lá uma pipa de massa. existem modelos de tendas, colchões, e sacos cama de todos os tamanhos, feitios e gostos, e existem mil e um acessórios que achamos que vamos precisar.. e que depois não saem da arrecadação.
não há mal nenhum em levar a casa as costas, mas perde-se tempo precioso a (des)carregar e a (des)arrumar tudo no sítio. e eventualmente vamos descobrir que não precisamos realmente aquilo tudo para passar uns dias descontraídos.
nós passamos de um espectro para o outro (podem ler a evolução neste post, um follow up aqui, e o estado actual da nação), e aprendemos muito com os nossos erros, e gastamos muito dinheiro mal gasto. por isso, a dica mais valiosa que posso deixar sobre este tema é:
começar com o mínimo essencial!
gasta-se menos a perceber que tipo de campistas somos (ou se queremos continuar a acampar depois das primeiras experiências). a partir daí vamos fazendo upgrades ao material à medida das nossas necessidades.
...next, material!