Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

lost in wonderland

lost in wonderland

Episódios da vida no campismo I

Agosto 24, 2013

apesar de ser uma actividade que adoro, compreendo perfeitamente porque razão só a palavra é suficiente para causar suores frios a muita gente.. não é coisa para todos os estômagos, especialmente em época de enchentes.

 

para começar, as vergonhas e os pudores têm que ficar em casa. num parque pejado de campistas, privacidade, nem que seja para dar um peidinho (não que eu tenha problemas em que os oiçam :D) é um conceito que pura e simplesmente, não existe.

 

(e se não conseguem ouvir alguém a mandar uma cagada ruidosa enquanto escovam os dentes, nem vale a pena sequer considerar a ideia, campismo não é para vocês muhahaha) 

 

a boa notícia é que só faz confusão ao principio, depois a malta habitua-se. juro lol

 

srly, ultrapassado o constrangimento inicial, torna-se numa experiência absolutamente libertadora :D por exemplo, uma das coisas que mais gozo me dá quando estou acampada, é pela manhã, quando saio da tenda e vou meio a cambalear em direcção aos balneários, ensonada e ofuscada pelo sol, apesar dos óculos escuros na tromba.

é ver-me a atravessar o parque em calças de pijama e t-shirt largueirona, toda desgrenhada e babada, com um ar completamente ressacado. ninguém liga um piço. pelo caminho cruzo-me com pessoas que ainda estão mais à vontade do que eu, que ainda me dou à chatice de vestir calças. mas agrada-me a naturalidade com que se anda pelo parque, só de t-shirt e cuecas ou em pelota pelos balneários e se passeiam rolos de papel higiénico caçados no sovaco.

 

also, podermos andar uma semana inteira sempre com a mesma roupa que ninguém liga :D

 

adiante!

 

tenho plena noção que acampar em pleno agosto é tramado - gente aos magotes, confusão, filas*, barulho, etc - ainda assim decidi arriscar. se se tornasse insuportável tinha bom remédio.

 

o parque eleito para estas férias foi o de s. miguel, a dois passos de odeceixe. a destacar, a sua localização, sombra fornecida por pinheiros, piso macio e sem grandes irregularidades, instalações porreiras, estacionamento exterior enorme, e o esquema de pulseiras à festival de música é de longe mais fixe que cartões de acesso. contudo tem alguns pontos menos positivos:

 

é barulhento.

 

fica situado paredes-meias com a N120, uma estrada bastante movimentada dia e noite. e apesar de não ser permitido levar animais, os cães da povoação ali perto encarregam-se de fornecer som ambiente 24 horas por dia.

mas imperdoável foi (é?) mesmo o horário para a recolha da reciclagem. amigos, oito da manhã não é uma boa hora para despejar o vidrão. puta que pariu!

 

é pequeno.

 

não consegue oferecer o isolamento que os campistas anti-sociais como nós procuram. a zona mais afastada da entrada é a zona favorita da malta que leva o carro atrás, algo que eu, para além de não compreender, não aprecio.. quanto muito, leva-se o carro para descarregar o material, depois vai para o estacionamento. suponho que o comodismo fala mais alto..

 

fora isso, é um excelente sitio para assentar e conhecer as redondezas. fica situado próximo de praias lindíssimas, falésias incríveis, restaurantes fabulosos e povo simpático.

 

os parques de campismo são como organismos vivos, sempre em constante metamorfose. como neste o check out é até ao meio-dia, todas as manhãs havia gente a arrumar a trouxa e todas tardes o espaço aparecia reconfigurado. nuns dias tínhamos mais espaço para respirar, noutros távamos cercados por tendas, praticamente coladas à nossa, apesar da regra dos dois metros. 

 

apanha-se todo o tipo de campistas nesta altura. desde os boa-onda aos que não sabem dar férias ao stress - acordávamos muitas vezes com a malta aos berros, entre adultos e crianças e o cagaçal produzido pela preparação do pequeno-almoço (respeito pelos que dormem na tenda ao lado, esquece lá isso..) assim como carros a circular. dormir até tarde é praticamente impossível.. da próxima levo tampões para os ouvidos.

 

e se há coisa que quase todo o campista curte é assadas. no nosso pedaço não faltavam fogareiros.. se me esquecia de tirar a toalha da corda antes de irmos para a praia, quando chegávamos à noitinha, para além de ter a toalha a cheirar a fumeiro, conseguia adivinhar qual tinha sido o jantar da vizinhança.

 

a hora de silêncio é respeitada e o parque mergulha numa tranquilidade (interrompida apenas pelos carros a jardar pela N120 e os cães a ladrar na vizinhaça) quase absoluta. quase… é quando começa a hora do ronco!

 

as nossas passeatas nocturnas pelo parque incluíam breves pausas para apreciar a diversidade sonora dos ressonares que brotavam das tendas. uns pareciam que estavam a serrar lenha, outros pareciam traineiras, outros cavalos a relinchar. aquilo tudo combinado, parecia uma orquestra. ainda proporcionaram umas barrigadas jeitosas de riso - mudo, claro! 

 

eventualmente o universo achou que já tínhamos gozado o suficiente e pregou-nos uma partida. numa das noites em que estávamos completamente cercados por tendas, foi um festival: três roncadores natos, um de cada lado da tenda, e muitos outros ao de longe, cujo ressonar ecoava pelo parque. ora, em termos de ruído, dormir numa tenda ou dormir ao relento é exactamente a mesma coisa. tão, nessa noite adormeci embalada pelo ressonar daquela gente toda. em uníssono, produziam uma sinfonia estranhamente.. agradável LOL

 

.. e por descobrir ficou o misterioso "shhhhhhh" que se ouvia volta e meia depois da meia-noite. perguntámos a um vigilante do parque, que nos disse ser uma coruja.. duvido muito, cá para mim é uma máquina de mandar calar o pessoal muhahahah

 

já recomendava o parque antes e agora depois de experimentar, continuo a recomendar. mas evitem a época alta de agosto, para terem uma estadia mais descontraída e desafogada :)

 

*as filas são a menor das preocupações, basta não utilizar as instalações na hora de maior afluência. por exemplo, pequeno-almoço, nunca antes das 10h, e banhos só depois das 23h (ou então de manhã). it works

 

btw..

 

ò senhores da decathlon, tenho uma sugestão vos para dar!

nesta altura os campings estão a abarrotar de tendas adquiridas nas vossas lojas, diria que 8 em cada 10 são quechua, na sua grande maioria seconds, que abri-las todàgente consegue, mas fechá-las é outra historia.. o meu homem ajudou praí meia-dúzia de clientes vossos.

seria bem lembrado, vocês botarem colaboradores nos parques, para ajudar/ensinar a malta a fechar o raio das tendas (tipo serviço de assistência pós-venda), que aquilo é deveras frustrante.. bem sei que não precisam de publicidade, que o material fala por si, mas seria um golpe de marketing brilhante, hem.. que tal?

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.

'Le me

tem idade suficiente para ter juízo, embora nem sempre pareça. algarvia desertora, plantou-se algures na capital, e vive há uma eternidade com um gajo que conheceu pelo mIRC.

no início da vida adulta foi possuída pelo espírito da internet e entregou-lhe o corpo a alma de mão beijada. é geek até à raiz do último cabelo e orgulha-se disso.

offline gosta muito de passear por aí, tirar fotografias, ver séries e filmes, e (sempre que a preguiça não a impede) gosta praticar exercício físico.

mantém uma pequena bucket list de coisas que gostava de fazer nos entretantos.

'Le liwl

era uma vez um blog cor-de-rosa que nasceu na manhã de 16 de janeiro, no longínquo ano de 2003, numa altura em que os blogs eram apenas registos pessoais, sem pretensões de coisa alguma. e assim se tem mantido.

muitas são as fases pelas quais tem passado, ao sabor dos humores da sua autora. para os mais curiosos, aqui ficam screenshots das versões anteriores:
#12   #11   #10   #9   #8   #6   #5   #4

seguir nos blogs do SAPO

email: hello@liwl.net

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

'Le Archive

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2010
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2009
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2008
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2007
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2006
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2005
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2004
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2003
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D